Voz passiva, 2024 |
Ao fim de mais de duas décadas resolvi mudar o título do meu blogue profissional de Chroma kai Symmetria para Arte crítica.
O título que agora deixo para o arquivo das minhas deambulações serviu para identificar a minha primeira exposição individual na extinta Galeria Graça Fonseca nos idos anos 90 do século passado.
A expressão grega que resumia o sentido da arte —cor e simetria— descreve claramente a minha posição intelectual sobre a natureza da arte e do seu lugar. A arte está antes e depois da ciência. Dá a ver o que não pode ser dito, diz o que não pode ser visto. Está imediatamente atrás e à frente do conceito. Produz uma tensão única, sintética, indestrutível. A cor, como escreveu Wittgenstein, não pode ser explicada, descrita, mas apenas mostrada, como quando precisamos de usar uma amostra (um pedaço de tecido, um botão, uma linha de seda) para escolher numa retrosaria um determinado produto de uma determinada cor.
Mas arte sem simetria é, por assim dizer, anti-natural, caótica. O caos existe, os movimentos brownianos existem, mas a desordem e o aleatório são a sopa, não o peixe que nela flui.
O mundo não é rígido, nem permanente, di-lo a arte por demonstração sucessiva (obsessiva), mas a sua materialidade, como a sua imaterialidade, obedecem a alguma lógica, sem a qual não saberíamos fazer cálculos, nem medir as coisas. Há, assim, um lugar para a teoria, e para a simetria na cor.
A indecibilidade que me é própria oscila entre estes termos da equação básica da arte.
Critical art
Arte critica (previously known as Chroma kai Symmetria) synthesises the nature of art using a classical Greek philosophical approach.
After more than two decades, I changed the title of my professional blog from Chroma kai Symmetry to Critical Art.
The title that I now leave for the archive of my wanderings served to identify my first solo exhibition at the extinct Galeria Graça Fonseca in the 90s of the last century.
The Greek expression that summarized the meaning of art —colour and symmetry— clearly describes my intellectual position on the nature of art and its place. Art stays in a place before and after science. It shows what cannot be said and says what cannot be seen. It is immediately behind and in front of the concept. It produces a unique, synthetic, indestructible tension. Wittgenstein wrote that colour cannot be explained or described but only shown when, for instance, we need to use a sample (a piece of fabric, a button, a silk thread) to choose a specific product for a particular colour in a haberdashery.
But art without symmetry is unnatural and chaotic. Chaos and Brownian movements exist, but disorder and randomness are the soup, not the fish that flows in it.
The world is not rigid nor permanent. Art says so through successive (obsessive) demonstrations, but its materiality, as well as its immateriality, obeys some logic. With it, we know how to calculate or measure things. There is, therefore, a place for theory and for symmetry in colour.
My indecisiveness oscillates between these terms of the fundamental equation of art.
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