quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Faut-il une « loi européenne sur la liberté de la culture » ?

Louis Althusser, n. Mourad Raïs, 16/10/1918, Argélia.
Carte blanche 
Par un collectif de signataires
Le Soir
Publié le 30/11/2024 à 00 :01 

Dit la carte blanche : 

— “... la disparition de la culture ouverte, non partisane et transfrontalière précédera celle du projet européen d’unification et de paix.”

Je m’interroge sur l’expression : “non partisane”. Est-il tel ? Ou est-il plus bien capturé il y a longtemps par une idéologie culturelle de gauche non-critique, qui n’a voulu jamais faire un examen sur les discours diffus de son inconscient collectif ? Est-il encore valable, et acceptable, le statu quo et le pouvoir dérivé d’un langage prouvé faux dans les écrits (et surtout dans la Praxis) de Marx, Lénine, Staline, et Mao ?

Affirme encore la carte blanche : 

— “C’est pourquoi nous vous demandons d’agir de toute urgence au sein du Parlement européen pour faire face à la situation actuelle dans les États membres et prendre enfin une position claire. Des secteurs essentiels de la culture européenne et de la coopération transnationale ont déjà disparu, victimes d’une renationalisation radicale.”

Et:

— “L’existence même de la culture européenne, dans sa diversité, est aujourd’hui en jeu.”

Oui, en effet. Mais n’est-ce pas, ce péril, le résultat des impositions culturelles d’une bureaucratique autoritaire qui fait loi et règlement de l’agencement non démocratique des minorités culturelles radicalisées ?

Il faut étudier et connaître les causes des choses qui arrivent, pas seulement réagir aux effets de ce qui provoque le collapse  d’un consensus particulier.


NOTA - Os subscritores portugueses desta 'carte blanche', à exceção de Delfim Sardo (CCB) e do diretor artístico do BoCA, são todos diretores e diretores artísticos de menos de meia dúzia de instituições teatrais: CCB, São Luiz, D Maria II, Teatro do Bairro Alto, Teatro do Noroeste. Vale o que vale, e não deixa de ser sintomático.

Portugal: John Romao, Artistic Director BoCA – Biennial of Contemporary Arts; Delfim Sardo, Member of the Executive Board Fundação Centro Cultural de Belém; Aida Tavares, Artistic Director Performing Arts and Knowledge Fundação Centro Cultural de Belém; Miguel Loureiro, Artistic Director São Luiz Teatro Municipal; Ana Rita Osório, Executive Director São Luiz Teatro Municipal; Francisco Frazão, Artistic Director Teatro do Bairro Alto; Tiago Fernandes, Community Project Director Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana; Nuno J. Loureiro, Actor, Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana; Ricardo Simões, President and Artistic Director Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana; Rui Catarino, President Teatro Nacional D. Maria II; Pedro Penim, Artistic Director Teatro Nacional D. Maria II.

https://www.lesoir.be/639376/article/2024-11-30/nous-appelons-le-parlement-europeen-renforcer-la-protection-de-la-liberte

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Ana Mata

Ana Mata, “Sem Título”, 2023. Acrílico e óleo s/tela, 33x30 cm

A propósito de uma discussão sobre a obra de Ana Mata num post no FB de Victor Pinto da Fonseca

Por veredas opostas, ambos os protagonistas deste debate relâmpago (Alexandre Pomar e Catarina Patrício) destacam uma autora (Ana Mata) e uma obra que suscita um debate saudável. Oxalá contribua para evitar a agit-prop dominante a que as instituições culturais sucumbirão inexoravelmente se não existir contraditório e alteridade, como, afinal, parece existir!

Não tive infelizmente oportunidade de ver 'in situ' as pinturas expostas por Ana Mata na Galeria 111. Apesar desta limitação (fotográfica/ cibernética) creio poder dizer que, mais do que um novo caso de realismo fotográfico na pintura, ou de hiperrealismo pictórico de origem fotográfica, estamos na presença de uma obra que, através da pintura resgatada da fotografia preparatória (instrumental), marca uma distância clara relativamente a dois tropos dominantes na arte dita contemporânea. Um dos tropos é o da desfiguração/abstração da representação pictorial (Cézanne, cubismo, Mondrian) em direção a uma arte nominalista, de recorte iconoclasta e intelectual, conceptual e teatral (Duchamp, minimalismo, Richard Serra, Dan Graham, Allan Kaprow, Gordon Matta-Clark). O outro é o da arte revolucionária, propagandística, imerso na retórica da utopia. 

A fotografia propriamente dita, na sua avassaladora complexidade cultural, não é assunto tratado pela obra de Ana Mata, se não na medida em que, a mediação fotográfica das suas encenações inscreve (para usar um termo antropológico conhecido) na realização da sua pintura um certificado, por assim dizer, 'barthesiano', de autenticidade. Há um 'isto foi' (que A. Pomar reclama como espaço de intimidade), nos auto-retratos, nas 'still life' florais e nas paisagens de Ana Mata. É este o único automatismo aparente da sua pintura. Digo aparente porque a fotografia, ao contrário do que algumas leituras apressadas (ou meramente académicas estafadas) de Walter Benjamin persistem em anunciar, nunca foi automática e sempre foi manual, desde a posição da câmara, à seleção das lentes, ou dos filtros, à câmara escura onde se dava banho e se lavavam as fotografias, e que hoje, na era da fotografia digital, deu lugar a uma colaboração, consciente e inconsciente, com a Inteligência Artificial. E antes de tudo isto que foi sempre da ordem da decisão mental e do treino manual, há a vontade de figurar, de fixar numa imagem a realidade que passa. Que seja uma vontade íntima de visualização, de representação, de idealização, e de manifestação livre da subjetividade concreta, eis o que importa. Um artista não deve ser um simples cortesão, nem um mero agente de propaganda.

Por fim, não deixa se ser irónico constatar que a falência previsível da imprensa escrita, e mesmo da televisão, esteja finalmente a dar (entre nós) espaço à Internet e às redes sociais, para o diálogo e a crítica.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Keywords

Valerie Solanas, 1967

Thriving in the present art fashion
21st Century, the first thirty years

archives

climax (sorry, climate change)

colonialism (post)

coloniality (+post-coloniality + DeColoniality)

empire

extinction (mass)

extractive (extractivism)

feminism (radical, post)

gender (LGBT...etc.)

homonationalism

identity (empowerment)

intersectionality

islamophobia

migrations (immigrant rights)

nativism

neoliberalism

patriarchy (anti)

post-human

queer

racialisation

racism (anti)

resistance

sexism (anti)

Frantz Fanon



domingo, 20 de outubro de 2024

Arte crítica

Voz passiva, 2024



Ao fim de mais de duas décadas resolvi mudar o título do meu blogue profissional de Chroma kai Symmetria para Arte crítica.

O título que agora deixo para o arquivo das minhas deambulações serviu para identificar a minha primeira exposição individual na extinta Galeria Graça Fonseca nos idos anos 90 do século passado.

A expressão grega que resumia o sentido da arte —cor e simetria— descreve claramente a minha posição intelectual sobre a natureza da arte e do seu lugar. A arte está antes e depois da ciência. Dá a ver o que não pode ser dito, diz o que não pode ser visto. Está imediatamente atrás e à frente do conceito. Produz uma tensão única, sintética, indestrutível. A cor, como escreveu Wittgenstein, não pode ser explicada, descrita, mas apenas mostrada, como quando precisamos de usar uma amostra (um pedaço de tecido, um botão, uma linha de seda) para escolher numa retrosaria um determinado produto de uma determinada cor.

Mas arte sem simetria é, por assim dizer, anti-natural, caótica. O caos existe, os movimentos brownianos existem, mas a desordem e o aleatório são a sopa, não o peixe que nela flui.

O mundo não é rígido, nem permanente, di-lo a arte por demonstração sucessiva (obsessiva), mas a sua materialidade, como a sua imaterialidade, obedecem a alguma lógica, sem a qual não saberíamos fazer cálculos, nem medir as coisas. Há, assim, um lugar para a teoria, e para a simetria na cor.

A indecibilidade que me é própria oscila entre estes termos da equação básica da arte.

Critical art

Arte critica (previously known as Chroma kai Symmetria) synthesises the nature of art using a classical Greek philosophical approach.

After more than two decades, I changed the title of my professional blog from Chroma kai Symmetry to Critical Art.

The title that I now leave for the archive of my wanderings served to identify my first solo exhibition at the extinct Galeria Graça Fonseca in the 90s of the last century.

The Greek expression that summarized the meaning of art —colour and symmetry— clearly describes my intellectual position on the nature of art and its place. Art stays in a place before and after science. It shows what cannot be said and says what cannot be seen. It is immediately behind and in front of the concept. It produces a unique, synthetic, indestructible tension. Wittgenstein wrote that colour cannot be explained or described but only shown when, for instance, we need to use a sample (a piece of fabric, a button, a silk thread) to choose a specific product for a particular colour in a haberdashery.

But art without symmetry is unnatural and chaotic. Chaos and Brownian movements exist, but disorder and randomness are the soup, not the fish that flows in it.

The world is not rigid nor permanent. Art says so through successive (obsessive) demonstrations, but its materiality, as well as its immateriality, obeys some logic. With it, we know how to calculate or measure things. There is, therefore, a place for theory and for symmetry in colour.

My indecisiveness oscillates between these terms of the fundamental equation of art.